sexta-feira, 5 de setembro de 2014

LEGIÃO DE MARIA - BÍBLIA: VOCÊ DENTRO DA HISTÓRIA



Quando estudei a História do Brasil, enxergava os personagens – Cabral, Tiradentes e os demais – como gente tão distante, que pareciam não ter nada a ver comigo. Só mais tarde entendi que o brasilei­ro de todos os tempos faz parte de uma só e mesma caminhada. E que, portanto, estamos conti­nuando uma história de 500 anos, que é a nossa história!

   A mesma experiência você deve sentir ao pensar na Histó­ria da Salvação, que encontra na Bíblia. Por que somos chamados “discípulos missionários”? Não será porque no final da história bíblica saem de cena Jesus e os Doze com seus auxiliares, entran­do em ação a Igreja dos séculos sucessivos, até chegar a nossa vez de cumprir a mesma missão de receber e propagar a fé?

Sim, estamos continuando a História da Salvação. Os aconte­cimentos dessa História ressoam em nossas vidas. Os dois Tes­tamentos – Antigo e Novo – são o começo da nossa história, a história da nossa família cristã, e por isso devemos reviver os fatos bíblicos como que tomando parte neles. Isto é bem fácil nas grandes datas do Cristianismo, como Na­tal e Páscoa. Mais do que apenas recordar, vivemos aqueles misté­rios colocando-nos dentro deles.

A catequese litúrgica da Vigília Pascal nos insere com rara feli­cidade no evento da Páscoa he­braica e da Páscoa de Cristo. O que Deus fez pelos personagens bíblicos, continua fazendo para nós hoje. É o que afirmou Santo Agostinho: “Vós todos que renun­ciastes ao mundo do mal, reali­zastes também vosso êxodo”.

Dt 6,20s esclarece o que que­ro dizer: “E amanhã, quando teu filho te perguntar: ‘Que significam estas leis e estes costumes...?’ Responderás: ‘Éramos escravos do faraó no Egito, mas Javé nos tirou do Egito com mão podero­sa...’”. Repare nesta resposta do pai, que se repete nas páscoas judaicas até hoje. Não diz “nossos pais eram escravos”, mas “éra­mos escravos”; não diz “Javé os tirou”, mas “Javé nos tirou”, atuali­zando o fato para incluir a presen­te geração, o mundo atual.

   Isto é um convite para a gente adentrar a história bíblica como se estivesse dentro dos fatos narra­dos. Experimente sentir-se como um dos caminheiros guiados por Moisés, como um dos construto­res do templo de Jerusalém, como um exilado em Babilônia, como um ouvinte do profeta Jonas em Nínive, como um fiel perseguido no tempo dos Macabeus, como alguém presente ao Sermão da Montanha, como membro de uma comunidade fundada por Paulo... Dê asas à sua imaginação. E per­gunte: O que eu faria nessas vá­rias situações? É um modo bem atual de ler a Bíblia.


Pe. José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.

Rio de Janeiro, RJ – Setembro/2014

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